terça-feira, 6 de junho de 2017

DISCURSO DA APOSIÇÃO DA PLACA DA TURMA 2017.1


Caros formandos e familiares, amigos, professores,
Esse momento, de aposição da placa da turma 2017.1, na faculdade de medicina, desperta muitas emoções, em função dos múltiplos significados que revela. A placa deixa para nós a lembrança perenizada da primeira e talvez mais importante conquista de vossas juventudes, de fragmentos das trajetórias sentimentais individuais e coletiva, pelos corredores, salas de aulas, ambulatórios, enfermarias, e laboratórios, e hospitais, de nossas memórias. Dos ambientes, em que ensinando e aprendendo, fomos mutuamente, nos apoiando, incentivando, erguendo, dando limites, corrigindo, despertando e renovando desejos, vocações, maturidade, para o desempenho autônomo e solidário da medicina. A placa de granito sempre movimentará em nossas mentes, ricas e vívidas memórias afetivas, de vocês, e de todos que em relação direta com vocês compuseram diariamente nossa própria história institucional.
Nesse enigmático ambiente, estranho e familiar lugar de tantas e importantes memórias afetivas, a universidade, vamos continuamente amadurecendo a personalidade e as habilidades profissionais, organizando limites éticos à natureza quase indomável da juventude ou ampliando os limites da autoconfiança aos inibidos pelo rigor da educação familiar. Nesse momento, em vossas mentes, os conflitos da juventude já estão em processo de transformação nas mais importantes lembranças afetivas para o futuro. Assim deve ser para que tenha o significado da maturidade emocional, e não apenas o da maturidade biológica. E em nossas mentes, de docentes, enquanto convivemos com os jóvens, damos continuidade à reparação de nossas próprias juventudes. No entanto, o medo que temos da autonomia, deve ser superado pelo compromisso com a amizade, a responsabilidade, a empatia, a solidariedade, sentimentos e atitudes que conferem dignidade à nossa vida profissional e afetiva.
Por isso, reunimos em um só dia tantos agradecimentos, com tantos significados. Por que sabemos que somos o resultado de um empenho planejado, conjugado, de afetos, conhecimentos, disponibilidades, reconhecimentos, e habilidades de múltiplos profissionais, para que ao final possamos dizer: conseguimos, consegui, obrigado.
Esse é o dia mais importante para a medicina, o dia sagrado dos agradecimentos. Dia de agradecer o ensinamento da humildade, da admissão dos nossos limites, na figura do cadáver, símbolo da anatomia, da medicina como arte, como violação necessária, enriquecedora da humanidade; dia de reverenciar o cuidado, na figura da instituição hospitalar, simbólica do esforço humanitário para aliviar as piores dores do corpo vivo, e da mente, em sofrimento; dia de reverenciar o conhecimento e agradecer à comunidade acadêmica, símbolo do desejo da imortalidade, representados pela autonomia conjugada à responsabilidade social, pela partilha, pela comunhão do mais sagrado dos bens da civilização, o saber.
Finalmente, o último dos significados: dia de retribuição, do agradecimento, a vocês, e seus familiares, pela construção dessas possibilidades mútuas de reparação, de maturação, de encontro com o que há de mais humano em nós: compreender, e buscar, incessantemente, meios para o alivio do sofrimento.
Essa placa representa, portanto, nossa história, a de vocês, a minha, a de muitos ausentes, a de todos os presentes. Essa é uma pedra feita de histórias e saudades.



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