Caros
formandos e familiares, amigos, professores,
Esse
momento, de aposição da placa da turma 2017.1, na faculdade de
medicina, desperta muitas emoções, em função dos múltiplos
significados que revela. A placa deixa para nós a lembrança
perenizada da primeira e talvez mais importante conquista de vossas
juventudes, de fragmentos das trajetórias sentimentais individuais e
coletiva, pelos corredores, salas de aulas, ambulatórios,
enfermarias, e laboratórios, e hospitais, de nossas memórias. Dos
ambientes, em que ensinando e aprendendo, fomos mutuamente, nos
apoiando, incentivando, erguendo, dando limites, corrigindo,
despertando e renovando desejos, vocações, maturidade, para o
desempenho autônomo e solidário da medicina. A placa de granito
sempre movimentará em nossas mentes, ricas e vívidas memórias
afetivas, de vocês, e de todos que em relação direta com vocês
compuseram diariamente nossa própria história institucional.
Nesse
enigmático ambiente, estranho e familiar lugar de tantas e
importantes memórias afetivas, a universidade, vamos continuamente
amadurecendo a personalidade e as habilidades profissionais,
organizando limites éticos à natureza quase indomável da
juventude ou ampliando os limites da autoconfiança aos inibidos pelo
rigor da educação familiar. Nesse momento, em vossas mentes, os
conflitos da juventude já estão em processo de transformação nas
mais importantes lembranças afetivas para o futuro. Assim deve ser
para que tenha o significado da maturidade emocional, e não apenas o
da maturidade biológica. E em nossas mentes, de docentes, enquanto
convivemos com os jóvens, damos continuidade à reparação de
nossas próprias juventudes. No entanto, o medo que temos da
autonomia, deve ser superado pelo compromisso com a amizade, a
responsabilidade, a empatia, a solidariedade, sentimentos e atitudes
que conferem dignidade à nossa vida profissional e afetiva.
Por
isso, reunimos em um só dia tantos agradecimentos, com tantos
significados. Por que sabemos que somos o resultado de um empenho
planejado, conjugado, de afetos, conhecimentos, disponibilidades,
reconhecimentos, e habilidades de múltiplos profissionais, para que
ao final possamos dizer: conseguimos, consegui, obrigado.
Esse
é o dia mais importante para a medicina, o dia sagrado dos
agradecimentos. Dia de agradecer o ensinamento da humildade, da
admissão dos nossos limites, na figura do cadáver, símbolo da
anatomia, da medicina como arte, como violação necessária,
enriquecedora da humanidade; dia de reverenciar o cuidado, na figura
da instituição hospitalar, simbólica do esforço humanitário para
aliviar as piores dores do corpo vivo, e da mente, em sofrimento; dia
de reverenciar o conhecimento e agradecer à comunidade acadêmica,
símbolo do desejo da imortalidade, representados pela autonomia
conjugada à responsabilidade social, pela partilha, pela comunhão
do mais sagrado dos bens da civilização, o saber.
Finalmente,
o último dos significados: dia de retribuição, do agradecimento, a
vocês, e seus familiares, pela construção dessas possibilidades
mútuas de reparação, de maturação, de encontro com o que há de
mais humano em nós: compreender, e buscar, incessantemente, meios
para o alivio do sofrimento.
Essa
placa representa, portanto, nossa história, a de vocês, a minha, a
de muitos ausentes, a de todos os presentes. Essa é uma pedra feita
de histórias e saudades.
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