quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

SOBRE A QUALIDADE DOS EGRESSOS DA REFORMA CURRICULAR


Muito se tem falado ultimamente dos resultados obtidos pelos egressos da ultima turma de formandos da FAMED/UFAL, em especial de alguns alunos que foram aprovados para dar continuidade à formação especializada em centros de excelência de São Paulo, em áreas de estudos consideradas também excepcionais. Todos classificados em primeiro ou segundo lugar para especializar-se em cardiologia, neurologia clinica, neurocirurgia, neuroimagem, oncocirurgia no Hospital Dante Pazanezzi, UNIFESP, USP, SUS-São Paulo, UNICAMP. Outros, com aprovação em áreas como pediatria, ginecologia, clinica médica são apontados também como sucesso, em escolas como a de Ribeirão Preto, IMIP em Recife, Salvador. Semanalmente vamos tomando conhecimento da aprovação da maioria em ambientes universitários ou de serviços vinculados ao SUS, do centro-sul ou do nordeste, geralmente em áreas de especialidades para atenção em saúde de complexidade terciária. Menos de 10% de cada turma opta pela entrada definitiva no trabalho médico assalariado em cidades do interior, adiando a especialização para alguns anos após alguma estabilidade financeira, poucos, jamais cumprirão programas de residência médica, más com chances elevadas de se tornarem prefeitos e ricos cedo.

Até aí nenhuma novidade. Nossos egressos sempre optaram em maioria pela especialização, e quando não conseguiam a aprovação nos centros de formação de excelência, no inicio, perseguiam o sonho em sucessivos testes até prosseguir e finalizar a ultra-especialização nestes centros.

Os primeiros lugares em centros de formação de excelência da turma mais recente de egressos revelam mais que a novidade e o espanto que alguns colegas docentes e discentes esboçam: filhos de médicos, oriundos de linhagens médicas de sucesso, ou de docentes universitários, portanto bem criados, com as oportunidades da educação privada, urbana, aprimorada em todas as etapas da vida, novidade e espanto seria não serem aprovados; a força do mercado de saúde de alta complexidade se impõe ao modelo de formação orientada para a atenção comunitária de complexidade primária e secundária, ainda que esta ofereça, no momento, oportunidades salariais razoáveis, más com estrutura e vínculo precários; a especialização prolongada em subespecializações, e para alguns mestrado e doutorado, os manterá distante não apenas de Alagoas e do Nordeste, más também da atenção comunitária.

Resta-nos o consolo de que estamos oferecendo uma boa educação médica, já revelada no índice máximo obtido no ENADE. Só! E não é pouco, nem muito. É nossa obrigação.

Enquanto isso, estudos sobre o desempenho dos egressos cotistas e daqueles não cotistas de origem menos privilegiada fazem-se necessários.

 

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