segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MENSAGEM AOS FORMANDOS 2012.2

                 O cumprimento da jornada aconteceu com dedicação e compromisso não apenas com a própria formação, más também com compreensão e contribuição significativa de cada um para com o projeto de mudança e reorientação na formação médica iniciada em 2006. 
                As críticas e as atitudes ousadas foram importantes e necessárias, tanto quanto a recepção à proposta de educar para a comunidade. E creio que com vocês aprendemos que o ato de educar é realizado não somente em mão dupla, más de mãos dadas, com o carinho e o respeito próprio dos amigos, de quem confia e reconhece no outro a abertura para caminhar e crescer juntos.
                Presenciamos e apoiamos nos momentos necessários, como fazem os pais e educadores, o compromisso com o desenvolvimento político e cidadão, com iniciativas próprias de gestão democrática do centro acadêmico, a aproximação com o sindicato dos médicos, a conquista da Diretoria Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, criação das primeiras ligas acadêmicas, a defesa do Hospital Universitário, o apoio à greve docente, e a defesa inconteste da proposta curricular que alicerça e fundamenta os caminhos da formação médica na UFAL.
              Estas características políticas os ajudarão no desafio permanente imposto pelas elites econômicas e seus representantes políticos de mascarar a dura realidade social com a agressão midiática à categoria e ao patrimônio público do qual o SUS é o mais visado por representar por um lado a memoria viva das lutas da reforma sanitária que são as mesmas da redemocratização e da elaboração da constituição de 1988, e por outro lado uma mina de ouro para o capital financeiro nacional e internacional.  Outros desafios são impostos como a tentativa de preencher vazios sanitários com quantitativo de médicos mal formados em escolas públicas e privadas criadas sem hospital escola, sem docentes qualificados, sem estrutura e qualificação suficiente da rede SUS, ou importados de escolas bolivianas sem a mínima qualificação para o exercício da medicina.
              Muitas lutas vos esperam más poucas turmas demonstraram o preparo político para enfrenta-las com maturidade como vocês têm demonstrado até agora.
               Boas notícias também vos aguardam, como o reconhecimento de novas áreas de atuação como a recém-criada toxicologia humana, a união cada vez mais forte da categoria e suas instituições, o retorno do CFM, Federação Nacional dos Médicos e AMB ao Conselho Nacional de Saúde, e o avanço nas câmaras do senado do projeto de lei que regulamenta o exercício da medicina no país.
              Assim é a vida, desafiadora, limitante, impulsionadora. Assim somos nós, frágeis diante dos desafios quando sozinhos, más invencíveis e imperturbáveis perante a necessidade de justiça, equidade, ética e garantia dos direitos humanos fundamentais, dentre os quais se incluem a saúde e uma formação adequada para garantir esse direito anterior.
             Esta deve ser a função da Universidade: traduzir os desafios da vida em cidadania, possibilitando o pleno desenvolvimento da ação política para a transformação social, para a ampliação dos direitos humanos fundamentais.
             Há frases que gostaríamos de ter sido os autores. Afirma o psicanalista Rollo May “Ser membro de uma comunidade é partilhar de seus mitos...” “Os mitos dão sentido a nossa existência e ... fortalecem os valores morais”.
             Cumprir os rituais educacionais confere sentido aos esforços empreendidos pelos pais, pelas instituições e pelos indivíduos em formação, com o significado da aceitação e permissão à participação como membro da sociedade, como adulto autônomo e como profissional de uma categoria.
             Voces fizeram o juramento invocando os mitos de Asclépio, Higéia e Panacéia, ativando uma memória universal e atemporal associada ao dom e a arte sensível de cuidar e curar.
             Quando Ulisses partiu para a guerra de Tróia confiou a educação guerreira de seu filho Telêmaco a Mentor, missão cumprida até o seu retorno. Nesta jornada fomos nós, docentes da FAMED, mais do que educadores, mentores, com a missão impossível de educar para a vida,  com a segurança do dever cumprido, com a certeza de termos feito o melhor possível, sem torná-los cópias inacabadas ou ciborgues de nossas competências individuais acumuladas.
            A nossa garantia é a de que possibilitamos o desenvolvimento de potencialidades para o sucesso pessoal e profissional indissociada da ação cidadã: médicos competentes, críticos, reflexivos, flexíveis, com capacidade para liderar e o agir comunicativo, conforme preconizam as diretrizes curriculares nacionais, e mais do que isso, singulares, ousados empáticos e amorosos.
           Agradecemos aos pais, e aos vossos valorosos e queridos filhos a escolha da FAMED, a confiança em nós nesta jornada real e mítica de desenvolvimento pessoal.
           Médicos da turma Professor Luis Ferreira de Sousa desejo-vos sucesso, saúde, força, e mares serenos para a travessia das novas etapas de suas vidas.

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