Muito se tem falado ultimamente dos resultados obtidos pelos
egressos da ultima turma de formandos da FAMED/UFAL, em especial de alguns
alunos que foram aprovados para dar continuidade à formação especializada em
centros de excelência de São Paulo, em áreas de estudos consideradas também
excepcionais. Todos classificados em primeiro ou segundo lugar para
especializar-se em cardiologia, neurologia clinica, neurocirurgia, neuroimagem,
oncocirurgia no Hospital Dante Pazanezzi, UNIFESP, USP, SUS-São Paulo, UNICAMP.
Outros, com aprovação em áreas como pediatria, ginecologia, clinica médica são
apontados também como sucesso, em escolas como a de Ribeirão Preto, IMIP em
Recife, Salvador. Semanalmente vamos tomando conhecimento da aprovação da
maioria em ambientes universitários ou de serviços vinculados ao SUS, do
centro-sul ou do nordeste, geralmente em áreas de especialidades para atenção
em saúde de complexidade terciária. Menos de 10% de cada turma opta pela
entrada definitiva no trabalho médico assalariado em cidades do interior,
adiando a especialização para alguns anos após alguma estabilidade financeira,
poucos, jamais cumprirão programas de residência médica, más com chances
elevadas de se tornarem prefeitos e ricos cedo.
Até aí nenhuma novidade. Nossos egressos sempre optaram em
maioria pela especialização, e quando não conseguiam a aprovação nos centros de
formação de excelência, no inicio, perseguiam o sonho em sucessivos testes até
prosseguir e finalizar a ultra-especialização nestes centros.
Os primeiros lugares em centros de formação de excelência da
turma mais recente de egressos revelam mais que a novidade e o espanto que
alguns colegas docentes e discentes esboçam: filhos de médicos, oriundos de
linhagens médicas de sucesso, ou de docentes universitários, portanto bem
criados, com as oportunidades da educação privada, urbana, aprimorada em todas
as etapas da vida, novidade e espanto seria não serem aprovados; a força do
mercado de saúde de alta complexidade se impõe ao modelo de formação orientada
para a atenção comunitária de complexidade primária e secundária, ainda que esta
ofereça, no momento, oportunidades salariais razoáveis, más com estrutura e
vínculo precários; a especialização prolongada em subespecializações, e para
alguns mestrado e doutorado, os manterá distante não apenas de Alagoas e do
Nordeste, más também da atenção comunitária.
Resta-nos o consolo de que estamos oferecendo uma boa
educação médica, já revelada no índice máximo obtido no ENADE. Só! E não é
pouco, nem muito. É nossa obrigação.
Enquanto isso, estudos sobre o desempenho dos egressos
cotistas e daqueles não cotistas de origem menos privilegiada fazem-se
necessários.